quinta-feira, 25 de julho de 2013

O autor da semana passada: Neil Gaiman


Neil Gaiman é um escritor inglês que nasceu a 10 de Novembro de 1960. Até agora, este escritor fez um pouco de tudo: escreveu contos, romances, banda desenhada e novelas gráficas, e até filmes e episódios de séries de televisão. Há quem considere o seu estilo como associado ao género da fantasia, da ficção científica e do terror. De momento tem 52 anos de idade e acabou de lançar um novo livro (ainda sem tradução portuguesa) com o título The Ocean at the End of the Lane.


Com apenas quatro anos de idade, este autor já sabia ler. Gostava de tal maneira de ler que, assim que a lista de leituras obrigatórias para a escola saía, se dedicava a ler tudo com a máxima dedicação. Quando era pequeno, marcaram-no especialmente dois autores: um foi J.R.R. Tolkien (com a trilogia do Senhor dos Anéis) e o outro foi C.S. Lewis (com a sua conhecida série de livros As Crónicas de Nárnia). 

Aqui vai uma curiosidade: o último volume da série As Crónicas de Nárnia ganhou a Carnegie Medal (um conceituado prémio dado aos melhores livros infantis do ano) em 1956. E quando o próprio Neil Gaiman ganhou a Carnegie Medal em 2010 com A estranha vida de Nobody Owens, este ficou muito emocionado e até chegou a afirmar: "se fores capaz de fazer feliz o teu eu de sete anos de idade, estás no bom caminho -- é quase como escrever uma carta para ti próprio, aos sete anos".


Enquanto adolescente, Neil gostava muito de ler obras de autores como Ursula LeGuin, Edgar Allan Poe, Lewis Carroll e Rudyard Kipling. Curiosamente, foi a partir de O Livro da Selva de Kipling que Neil Gaiman se inspirou mais tarde para escrever o seu livro A estranha vida de Nobody Owens (em inglês, The Graveyard Book, literalmente O Livro do Cemitério).

A ideia para escrever o livro surgiu  em 1985, quando Neil Gaiman viu o seu filho Mike, na altura com dois anos, a andar na sua bicicleta por um cemitério perto de sua casa. Vendo como o filho se sentia tão á-vontade e bem-disposto a brincar num cemitério, Neil pensou que (um dia!) havia de escrever uma história como O Livro da Selva de Kipling, mas tendo como cenário um cemitério em vez de uma selva. 

(Neil Quando era jovem)

Nos anos 80, Neil Gaiman era jornalista de profissão. Em 1984 escreveu o seu primeiro livro, que era uma biografia de uma banda chamada Duran Duran. Foi através da sua amizade com o escritor de banda desenhada Alan Moore que Neil Gaiman se sentiu inspirado para escrever banda desenhada e novelas gráficas. Em 1988, o nosso autor começou a publicar a sua famosa série The Sandman, em que a personagem principal é o Morpheus, a personificação do Sonho. O Sonho é apenas um dos Endless, uma família composta por seres que representam aspectos do Universo, como a Morte, a Destruição, o Desejo, o Destino, o Desespero, e o Delírio.

(Neil Gaiman ao lado de Dave McKean)

Nestes volumes, Neil Gaiman colaborou com muitos desenhadores e ilustradores, incluindo Dave McKean. Com este último, Neil Gaiman criou uma amizade duradoura que conduziu a várias outras colaborações em trabalhos futuros: uma destas colaborações foi com A estranha vida de Nobody Owens, que McKean ilustrou. O livro em português que lemos no Clube na semana passada foi ilustrado por um outro ilustrador, chamado Chris Riddell -- de que iremos falar no próximo post!


Neil Gaiman também escreveu vários romances e histórias, uns para adultos e outros para crianças. Para crianças (ou, segundo Neil, para "todas as idades"), este autor escreveu Coraline, O dia em que troquei o meu pai por dois peixinhos vermelhos, Os lobos dentro das paredes, Stardust e A estranha vida de Nobody Owens -- o livro da semana passada no nosso clube de leitura. 



Neil Gaiman começou a escrever A estranha vida de Nobody Owens pelo capítulo quatro, quando Bod conhece Liza, uma fantasma que vive nas imediações do cemitério numa campa que não está marcada por nenhuma lápide. Como pudeste ver após teres lido o livro, cada capítulo é como se fosse um conto que pode ser lido individualmente, apesar de existir uma história que atravessa o livro relacionada com Bod e os estranhos homens que o perseguem fora do cemitério. Nobody tem cerca de dezoito meses no primeiro capítulo, quatro anos no segundo capítulo, seis no terceiro, e assim por diante. No último capítulo, Nobody Owens tem dezasseis anos de idade. 


Segundo Neil Gaiman, este não é um livro para crianças, mas sim um livro que as crianças poderão apreciar. O autor diz isto pois o livro contém partes que também são para adultos. Nas palavras do próprio escritor, "é um livro sobre a vida e a morte, e a família. Tem ghouls, e os Mastins de Deus, e os Sleer, e o Homem Indigo, e bastantes pessoas bem mortas." Concordas com o que o autor disse?

Neil Gaiman escreve quase diariamente para o seu website (que podes visitar se clicares aqui), no qual fala sobre os seus cães, os seus amigos, a sua família e também sobre os seus livros e histórias. Neste website, revela curiosidades como qual é o seu queijo preferido (o queijo Wensleydale), qual é a sua criatura mitológica das Filipinas preferida (pesquisa sobre ela: chama-se Manananggal!), qual é o som que mais detesta (o chiar dos travões de um carro), qual a sua comida preferida (são omeletes!) e o que gosta de fazer no seu tempo livre (para além de escrever, claro!).

Aliás, aqui está uma fotografia de Neil a dedicar-se a um dos seus hobbies:


E, por último, eis a cabana onde escreve os seus livros:




Fontes de informação principais: Wikipedia e Buzzfeed.


segunda-feira, 8 de julho de 2013

Escrita criativa individual: um dia na vida do Sr. Victor Hazell

Para além de actividades de escrita de grupo, na semana passada também fizemos exercícios de escrita criativa individuais. Aqui, todos os participantes tiveram a opção de escolher entre duas actividades,   uma que envolvia escrever uma parte da história de Danny, o Campeão do Mundo da perspectiva de outra personagem, e a outra em escrever a história de como tu te tornaste campeão/ã do mundo em alguma coisa. 


Curiosamente, todos escolheram a primeira opção! Mmm, estranho! O excerto escolhido para re-escrever com um diferente narrador, retirado do capítulo 6 do nosso livro, foi o seguinte:

"O Sr. Hazell parou ao lado das bombas no seu brilhante e resplandecente Rolls-Royce e disse-me: – Enche o depósito e depressa.
Na altura, eu tinha oito anos. Ele não saiu do carro, limitou-se a passar-me as chaves do depósito e, quando o fez, ganiu: – E vê lá se guardas essas mãozinhas sujas para ti, percebes?
Eu não tinha percebido, por isso disse: – O que quer dizer, senhor?
Havia um pingalim de cabedal no assento ao lado dele. Ele pegou nele e apontou-mo como se fosse uma pistola.
– Se fizeres alguma marca de dedos sujos na pintura – disse ele –, eu saio deste carro e dou-te umas chicotadas.
O meu pai tinha saído da oficina quase antes de o Sr. Hazell ter acabado de falar. Avançou para a janela do carro, apoiou as mãos no parapeito e inclinou-se para dentro. – Não gosto que fale com o meu filho dessa maneira – disse ele. A voz do meu pai estava perigosamente calma.
O Sr. Hazell não falou nem olhou para ele. Permaneceu sentado, imóvel, dentro do seu Rolls Royce, com os seus olhinhos de porco a olhar em frente. Exibia um sorrisinho superior nos cantos da boca.
– Não tem motivo nenhum para o ameaçar – continuou o meu pai. – Ele não fez mal nenhum.
O Sr. Hazell continuou a comportar-se como se o meu pai não estivesse lá.
– Da próxima vez que quiser ameaçar uma pessoa com umas boas chicotadas sugiro que escolha uma pessoa do seu tamanho – disse o meu pai. – Como eu, por exemplo.
O Sr. Hazell não se mexeu.
– Agora vá-se embora, por favor – disse o meu pai. – Não queremos servi-lo. – Tirou-me as chave da mão e atirou-a pela janela para dentro do carro. O Rolls Royce afastou-se rapidamente por entre uma nuvem de poeira."


Como quem leu o livro decerto se recorda, toda a história de Danny, o Campeão do Mundo é contada por Danny em primeira pessoa. Mas como seria a história contada por outra personagem? O que muda quando mudamos de narrador? Será que outro narrador vê os acontecimentos da mesma maneira que Danny? 

Este exercício de escrita criativa pedia que os participantes re-escrevessem esta parte do capítulo seis de Danny, o Campeão do Mundo, fazendo de Victor Hazell (o vilão desta história) o narrador!


Aqui estão as fantásticas histórias dos nossos participantes!


Diogo Leão (10 anos)
Eu hoje estava chateado: porque me vi ao espelho e parecia-me que era gordíssimo, pesei-me e pesava 110 kg. 
Também fui hoje à bomba de gasolina do William qualquer coisa. 
Parei à frente da bomba de gasolina e pedi ao filho do William, o Danny, que me enchesse o depósito e já. E dei-lhe as chaves do depósito e disse-lhe para não pôr as mãos sujas no carro, ele perguntou-me o que era isso e eu respondi que se ele me sujasse o carro eu dava-lhe umas belas chicotadas e apontei-lhe o pingalim de cabedal no assento ao meu lado.
Infelizmente o pai dele tinha saído da oficina antes de eu acabar de falar e dirigiu-se a mim e disse:
 Não gosto que fale com o meu filho dessa maneira    e disse-o com uma voz perigosamente calma. Eu nem me mexi e exibi um sorrisinho nos cantos da boca, mas o chato do William continuou:
 Não tem motivo para o ameaçar, ele não fez mal nenhum.   Eu fingi que ele não estava lá, mas ele insistiu:
– Da próxima vez que quiser ameaçar alguém com umas boas chicotadas sugiro que escolha alguém do seu tamanho, como eu, por exemplo.   Tirou as chaves ao Danny e mandou-me embora. Suspirei: Há dias assim!

Paulo Frazão (11 anos)
Eu tinha parado ao pé daquela bomba miserável e pedi ao miúdo que me enchesse o depósito e depressa. Passei-lhe as chaves pela janela e disse-lhe para ficar com as mãos longe do meu Rolls Royce novinho, pois estavam cheias de óleo. Ele armou-se em parvo e foi responder-me. Tirei o meu pingalim e apontei-lho, e expliquei-lhe o que queria dizer e ameacei-o de lhe dar umas chicotadas. Veio o pai do fedelho e meteu-se a dizer-me que não deveria tratar assim o seu filho. Ignorei-o para ver se me deixava mas ele atirou-me as chaves para dentro do carro e disse que não me abastecia o carro. Eu fiquei espantado e comecei a andar dali para fora antes que acontecesse algo.

William António Greer (12 anos)
Num dia normal, eu estava a ir encher o depósito de gasolina, mas como só havia uma bomba de gasolina estava chateado. Tinha de ir para a bomba de gasolina dos Robinsons. 
Quando cheguei estava lá o filho do William e disse-lhe:
 Enche o depósito de gasolina e rápido.
Atirei-lhe a chave do depósito e avisei-lhe:
– É melhor guardares essas mãozinhas sujas para ti.
 O que quer dizer, senhor?   respondeu com uma cara de santo.
 É melhor não tocares na pintura do carro   disse impaciente , senão levas com umas chicotadas. 
O William saiu da oficina e começou a chatear-me:
 Não gosto que fale assim com o meu filho   ele disse.
Eu já estava a ficar impaciente e só queria dizer "Enche-me mas é o depósito!", mas limitei-me a ignorá-lo para poder sair dali com alguma gasolina.
 Não tem  motivo nenhum para o ameaçar, ele não lhe fez nada   continuou.
Eu limitei-me a ignorá-lo.
 Da proxima vez que quiser ameaçar alguém, ameaça alguém do teu tamanho. Como eu   o William disse. Eu fiquei chocado com o que ele disse.
 Agora vá-se embora por favor, não queremos servi-lo.
Depois de ele me dizer isto ele atirou-me as chaves e depois eu fui-me embora.


Que tal? Ficaste com vontade de te juntar a nós na próxima sessão? Ainda vais a tempo de te inscreveres! É gratuito e divertido! 

Estamos à tua espera!

sábado, 6 de julho de 2013

Exercícios de escrita criativa: Danny e o método do cadáver esquisito

Na semana passada teve lugar a nossa primeira sessão do clube de leitura e escrita criativa. Conversámos sobre Danny, o Campeão do Mundo: falámos sobre as personagens, a história, do que gostámos mais e menos, e também sobre o autor e outros livros dele. Depois, partimos para as actividades de escrita criativa!


O primeiro exercício de escrita foi de grupo, e tem o nome de cadáver esquisito. Numa adaptação nossa deste método, cada participante teve de escrever uma parte do texto e passá-lo para a pessoa seguinte. Quem escreve só pode ver aquilo que a pessoa imediatamente antes escreveu, porque a folha vai sendo dobrada à medida que se vai passando. O resultado final é um texto engraçado e por vezes um pouco bizarro! Muitos poetas e pintores utilizaram esta técnica no passado para criar arte em grupo, com resultados muito criativos! 

A inspiração para o nosso cadáver esquisito surgiu das técnicas de caça furtiva que Danny, o Campeão do Mundo apresenta ao leitor. Como quem leu o livro decerto se recorda, a caça furtiva não se faz com espingardas, mas sim com esperteza e imaginação! Danny e o pai têm vários métodos para caçar faisões furtivamente (um que usa passas e o outro um chapéu), e o livro também nos mostra a forma mais eficaz de pescar trutas (que têm muitas cócegas na barriga!). Pois bem: em baixo, seguem-se os nossos cadáveres esquisitos com as melhores formas de fazer caça furtiva de sapos e raposas. As diferentes cores separam as partes escritas por pessoas diferentes.

Caça furtiva de sapos



Os sapos adoram canções de amor, portanto para os caçar deves cantar para eles, sempre com rimas. Vais ver que eles param e ficam super atentos, tão atentos que vais conseguir apanhá-los sem problemas. 
Portanto, o primeiro passo para fazeres caça furtiva de sapos é esperares pelo pôr do sol, porque é a altura mais romântica do dia. Depois, tens de levar um rádio contigo, para pores a dar um CD com violinos. Muito romântico. Os sapos vão ficar tão enamorados que vão começar a cantar contigo. Depois, apareces de trás e agarra-los pelas patas, e depois tens de atá-los. 
Depois, para facilitar a captura pões uma música de Rock n’ Roll para os sapos te seguirem. Dou-te uma dica, que é a seguinte: não ponhas a música muito alta, porque os podes assustar. Mas se eles estiverem perto de ti, põe a música no volume 100 e eles vão desmaiar, e aí pões os sapos dentro de um saco e levas para casa. Fica de comer e chorar por mais! Se gostares.


Caça furtiva de raposas



Para apanhar uma raposa basta vestires-te todo de verde-alface. Ela vai ficar enfeitiçada com esta cor berrante e vai correr na tua direcção, nem tens de fazer nada! As raposas sentem-se atraídas pela cor verde-alface porque as faz lembrar a cor dos uniformes dos tratadores que lhes vinham dar rebuçados e pipocas. As raposas gostam desses doces. 
O primeiro passo para as apanhar é deixar as pipocas e os rebuçados numa jaula verde-alface. A seguir, fazes pressão no pescoço para imobilizar a raposa e levas para um sítio calorento. Deixas a raposa pendurada num pau de madeira com a cauda atada dois dias, e já está pronta para comer. 




Gostaste? Então inscreve-te na próxima sessão do clube de leitura e escrita criativa, e junta-te a nós!



segunda-feira, 1 de julho de 2013

Filmes baseados em livros de Roald Dahl!

Roald Dahl é um escritor para crianças tão conhecido no mundo inteiro que já se fizeram várias adaptações dos seus livros ao cinema! De certeza que já viste (ou ouviste falar) do filme Charlie e a Fábrica de Chocolates: este filme foi realizado por Tim Burton (também conhecido por O estranho mundo de Jack, A noiva cadáver e Frankenweenie), que também realizou James e o Pêssego Gigante! Aqui está o trailer de Charlie e a Fábrica de Chocolates:



E o de James e o Pêssego Gigante:



Sabias que existe um filme antigo baseado em Charlie e a fábrica de chocolates? Chama-se A fantástica fábrica de chocolates, e o argumento foi escrito pelo próprio Roald Dahl! Aqui tens o trailer:



Outros livros de Roald Dahl também foram adaptados ao cinema. Talvez já tenhas visto na televisão o filme Matilda: A espalha-brasas, baseado em Matilda de Roald Dahl:



Também já foi feito um filme inspirado no Fantástico Sr. Raposo, realizado por Wes Anderson e com George Clooney a fazer a voz do Sr. Raposo:



Um dos livros de Roald Dahl menos conhecidos em Portugal, chamado As bruxas, também tem uma adaptação ao cinema:



Podes encontrar no youtube o filme inteiro baseado no livro O GAG (também um livro de Roald Dahl menos conhecido em Portugal, mas muito popular no Reino Unido). Aqui tens o vídeo:



Danny, o Campeão do Mundo, o livro da nossa primeira sessão do clube de leitura e escrita criativa, também tem uma adaptação cinematográfica. O trailer do filme não se encontra disponível no youtube, mas podes encontrá-lo neste site.


No próximo post iremos fazer um balanço da nossa primeira sessão do clube de leitura e escrita criativa, bem como mostrar alguns dos textos escritos pelos participantes! Fiquem atentos!