segunda-feira, 8 de julho de 2013

Escrita criativa individual: um dia na vida do Sr. Victor Hazell

Para além de actividades de escrita de grupo, na semana passada também fizemos exercícios de escrita criativa individuais. Aqui, todos os participantes tiveram a opção de escolher entre duas actividades,   uma que envolvia escrever uma parte da história de Danny, o Campeão do Mundo da perspectiva de outra personagem, e a outra em escrever a história de como tu te tornaste campeão/ã do mundo em alguma coisa. 


Curiosamente, todos escolheram a primeira opção! Mmm, estranho! O excerto escolhido para re-escrever com um diferente narrador, retirado do capítulo 6 do nosso livro, foi o seguinte:

"O Sr. Hazell parou ao lado das bombas no seu brilhante e resplandecente Rolls-Royce e disse-me: – Enche o depósito e depressa.
Na altura, eu tinha oito anos. Ele não saiu do carro, limitou-se a passar-me as chaves do depósito e, quando o fez, ganiu: – E vê lá se guardas essas mãozinhas sujas para ti, percebes?
Eu não tinha percebido, por isso disse: – O que quer dizer, senhor?
Havia um pingalim de cabedal no assento ao lado dele. Ele pegou nele e apontou-mo como se fosse uma pistola.
– Se fizeres alguma marca de dedos sujos na pintura – disse ele –, eu saio deste carro e dou-te umas chicotadas.
O meu pai tinha saído da oficina quase antes de o Sr. Hazell ter acabado de falar. Avançou para a janela do carro, apoiou as mãos no parapeito e inclinou-se para dentro. – Não gosto que fale com o meu filho dessa maneira – disse ele. A voz do meu pai estava perigosamente calma.
O Sr. Hazell não falou nem olhou para ele. Permaneceu sentado, imóvel, dentro do seu Rolls Royce, com os seus olhinhos de porco a olhar em frente. Exibia um sorrisinho superior nos cantos da boca.
– Não tem motivo nenhum para o ameaçar – continuou o meu pai. – Ele não fez mal nenhum.
O Sr. Hazell continuou a comportar-se como se o meu pai não estivesse lá.
– Da próxima vez que quiser ameaçar uma pessoa com umas boas chicotadas sugiro que escolha uma pessoa do seu tamanho – disse o meu pai. – Como eu, por exemplo.
O Sr. Hazell não se mexeu.
– Agora vá-se embora, por favor – disse o meu pai. – Não queremos servi-lo. – Tirou-me as chave da mão e atirou-a pela janela para dentro do carro. O Rolls Royce afastou-se rapidamente por entre uma nuvem de poeira."


Como quem leu o livro decerto se recorda, toda a história de Danny, o Campeão do Mundo é contada por Danny em primeira pessoa. Mas como seria a história contada por outra personagem? O que muda quando mudamos de narrador? Será que outro narrador vê os acontecimentos da mesma maneira que Danny? 

Este exercício de escrita criativa pedia que os participantes re-escrevessem esta parte do capítulo seis de Danny, o Campeão do Mundo, fazendo de Victor Hazell (o vilão desta história) o narrador!


Aqui estão as fantásticas histórias dos nossos participantes!


Diogo Leão (10 anos)
Eu hoje estava chateado: porque me vi ao espelho e parecia-me que era gordíssimo, pesei-me e pesava 110 kg. 
Também fui hoje à bomba de gasolina do William qualquer coisa. 
Parei à frente da bomba de gasolina e pedi ao filho do William, o Danny, que me enchesse o depósito e já. E dei-lhe as chaves do depósito e disse-lhe para não pôr as mãos sujas no carro, ele perguntou-me o que era isso e eu respondi que se ele me sujasse o carro eu dava-lhe umas belas chicotadas e apontei-lhe o pingalim de cabedal no assento ao meu lado.
Infelizmente o pai dele tinha saído da oficina antes de eu acabar de falar e dirigiu-se a mim e disse:
 Não gosto que fale com o meu filho dessa maneira    e disse-o com uma voz perigosamente calma. Eu nem me mexi e exibi um sorrisinho nos cantos da boca, mas o chato do William continuou:
 Não tem motivo para o ameaçar, ele não fez mal nenhum.   Eu fingi que ele não estava lá, mas ele insistiu:
– Da próxima vez que quiser ameaçar alguém com umas boas chicotadas sugiro que escolha alguém do seu tamanho, como eu, por exemplo.   Tirou as chaves ao Danny e mandou-me embora. Suspirei: Há dias assim!

Paulo Frazão (11 anos)
Eu tinha parado ao pé daquela bomba miserável e pedi ao miúdo que me enchesse o depósito e depressa. Passei-lhe as chaves pela janela e disse-lhe para ficar com as mãos longe do meu Rolls Royce novinho, pois estavam cheias de óleo. Ele armou-se em parvo e foi responder-me. Tirei o meu pingalim e apontei-lho, e expliquei-lhe o que queria dizer e ameacei-o de lhe dar umas chicotadas. Veio o pai do fedelho e meteu-se a dizer-me que não deveria tratar assim o seu filho. Ignorei-o para ver se me deixava mas ele atirou-me as chaves para dentro do carro e disse que não me abastecia o carro. Eu fiquei espantado e comecei a andar dali para fora antes que acontecesse algo.

William António Greer (12 anos)
Num dia normal, eu estava a ir encher o depósito de gasolina, mas como só havia uma bomba de gasolina estava chateado. Tinha de ir para a bomba de gasolina dos Robinsons. 
Quando cheguei estava lá o filho do William e disse-lhe:
 Enche o depósito de gasolina e rápido.
Atirei-lhe a chave do depósito e avisei-lhe:
– É melhor guardares essas mãozinhas sujas para ti.
 O que quer dizer, senhor?   respondeu com uma cara de santo.
 É melhor não tocares na pintura do carro   disse impaciente , senão levas com umas chicotadas. 
O William saiu da oficina e começou a chatear-me:
 Não gosto que fale assim com o meu filho   ele disse.
Eu já estava a ficar impaciente e só queria dizer "Enche-me mas é o depósito!", mas limitei-me a ignorá-lo para poder sair dali com alguma gasolina.
 Não tem  motivo nenhum para o ameaçar, ele não lhe fez nada   continuou.
Eu limitei-me a ignorá-lo.
 Da proxima vez que quiser ameaçar alguém, ameaça alguém do teu tamanho. Como eu   o William disse. Eu fiquei chocado com o que ele disse.
 Agora vá-se embora por favor, não queremos servi-lo.
Depois de ele me dizer isto ele atirou-me as chaves e depois eu fui-me embora.


Que tal? Ficaste com vontade de te juntar a nós na próxima sessão? Ainda vais a tempo de te inscreveres! É gratuito e divertido! 

Estamos à tua espera!

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